HELIOAGRO
Energia Solar Térmica ao Serviço da Agricultura

A energia solar, usada em muitas áreas de atividade, está a dar os primeiros passos no aquecimento de estufas agrícolas. Em Vagos, decorre atualmente a fase inicial de um projeto pioneiro que tem por objetivo tornar uma estufa agrícola, termicamente autónoma usando um inovador sistema solar térmico.

Em finais de 2007 uma feliz coincidência juntou dois engenheiros ligados à área da energia solar térmica com os responsáveis da EPADRV e um industrial agrícola (Planalto das Agras, Lda) da região de Vagos. Esse industrial produz flores há cerca de 20 anos, mas nos últimos anos a fatura de aquecimento das estufas tem vindo a dificultar a sua rentabilidade. Daqui nasceu a ideia de conceber em cooperação um projeto inovador – HelioAgro - baseado na energia solar como fonte de energia principal para o controlo do ambiente interno de estufas. Neste contexto e indo de encontro à estratégia de Lisboa onde as parcerias público-privado devem ser encorajadas como meio de aumentar o investimento e consequente produtividade desenvolveu-se este projeto que foi submetido a apreciação do ProDer, enquadrado na medida de apoio à cooperação para a inovação, tendo o seu financiamento sido aprovado em finais de 2010 com uma classificação que o colocou em 1º lugar na lista dos submetidos.

Sucintamente, o objetivo deste projeto é verificar a nível energético e, consequentemente, económico a viabilidade de construção de estufas agrícolas, com um elevado grau de eficiência térmica usando coletores solares térmicos de baixa temperatura para o aquecimento de água, a qual servirá de acumulador de calor e de meio de transporte da energia térmica para o interior da estufa e, desse modo, reduzir a percentagem de energia de origem fóssil necessária para manter o ambiente da estufa dentro dos parâmetros requeridos pelo tipo de cultura. Para atingir estes objetivos da forma mais eficaz e sustentável possível os promotores envolveram as seguintes instituições: a Escola Superior Agrária de Coimbra, contribuindo com apoio técnico à produção, em conjunto com a EPADRV; a Universidade de Oslo, na Noruega, que se envolverá no design, instalação e análise energética para otimizar o sistema solar a aplicar e a Universidade de Aveiro, no apoio à instrumentação e monitorização.

A tecnologia de captação, acumulação e transporte de energia em causa é um invento nacional que se encontra já registada como Modelo de Utilidade em Portugal. Numa primeira fase deste projeto será implementado na EPADRV um protótipo que irá permitir estudar todas as variáveis associadas a este processo de modo a maximizar a eficiência energética. Esta estrutura tem também por objetivo a educação do capital humano, envolvendo os alunos dos cursos profissionais da EPADRV e adaptando os sistemas de educação e formação à sociedade diretamente interessada neste estudo assim como permitir fomentar a aprendizagem ao longo da vida para todos. Numa segunda fase, e com base no conhecimento adquirido na primeira fase, será implementado no Planalto das Agras, uma estufa piloto com o objetivo principal de analisar a viabilidade económica deste tipo de estrutura no contexto da produção comercial, por comparação com uma estufa de igual dimensão em estrutura de vidro, com aquecimento por caldeiras a gasóleo, onde a empresa promotora cultiva atualmente flores. Num âmbito nacional, os principais resultados pretendidos com este projeto são ajudar a promover conversão da agricultura tradicional – fortemente dependente do clima e caracterizada por condições de trabalho extremamente duras – numa agricultura mais técnica em ambiente controlado e, por isso, mais valorizada, irá ter certamente um enorme impacto na redução do risco e no aumento da produtividade das culturas, proporcionando condições de trabalho indiscutivelmente mais atraentes.